segunda-feira, agosto 15

A medida do possível

Um amarelecer de sorrisos há muito tempo esquecidos no varal das boas recordações. Um despontar de pétalas em prelúdio de coisas quase mortas. Um fim de beijo mordendo a outra boca, deixando devagar o outro lábio. Talvez nossas mãos se soltem como você sempre dizia. Talvez. E nossos dedos se desprendam sem que a gente perceba. Talvez. Talvez sejamos os últimos a saber que já acabou e andamos léguas sem notar a ausência um do outro. Pode ser que você estivesse certa e o fim chegue igual você previa. Pode ser. Mas quem sabe se, na melhor das hipóteses, ainda lá longe descubras que a mão sobre o teu peito é a minha mão e que teus olhos se abrem com meus sonhos. Aí talvez a gente volte pra se procurar, antes que o nosso amor morra como morrem os besouros, imperceptivelmente, numa queda que é quase um pouso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário