quinta-feira, novembro 10

O remanso que antecede a onda

Escrevo triste. Não dessas tristezas mórbidas, com gosto de alinhavo e fim, não uma tristeza de túmulos, de despedidas, de árvores secas e de dor no peito. Mas uma tristeza dessas que pousam feito pássaro sobre nossos cílios e acalma um pouco e nos recolhe como uma mão que junta as moedas espalhadas na mesa. Escrevo enquanto uma tristeza se diz mais sábia com o tempo e vai dividindo tudo à sua primeira matéria. Pelo chão do quarto, minhas partículas indivisíveis, irrepartíveis átomos, me diminuem ao mínimo possível, como se menor eu fosse, mais fácil seria para minhas questões serem resolvidas. E eu humildemente baixo a cabeça em sinal de respeito a essa tristeza que sabe das coisas muito mais que eu e permito que assim seja. A felicidade me aguarda e já é e se faz presente no que pode ser que será que chegou e eu agora posso vê-la dobrando a esquina.

Um comentário: