sexta-feira, janeiro 20

Deusa

Abriu a porta para ele e subserviente o permitiu entrar. Ele, tigre de imensa cauda, dono do bote e de seu abate, caminhou pela casa percorrendo os olhos sobre o que lhe pertence (na verdade, tudo é dela, mas ninguém aqui terá coragem de questionar isso) e viu se tudo está como ele deixou. Ela então se curva em sinal de respeito, apesar de se chamar Deusa, e diz que é dele tudo que se move e tudo que não se move dentro daquela casa, inclusive ela própria, que se move, mas vai evitar ao máximo para não incomodá-lo, inclusive as filhas, que nesse exato instante tremem em cima de suas camas com suas almas ardendo em febre. Na vida de Deusa da Silva Pereira, daqui pra frente, de novo, a vida será de constantes sacrifícios e rezas, promessas e temor.

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