segunda-feira, março 5

Bênção

Minha língua canoa em tua boca mar, nossos beijos tempestade na conjugação dos signos marítimos, nas descobertas das feras do oceano profundo. Meus dedos pipa em tuas reentrâncias vento, nossas pesquisas simultâneas na disputa pelo alcance dos auges, na vontade de se achar um dentro do outro. Meus dentes pássaro em teu peito ninho, nossas carícias cruéis nos voos baixos, nas asas que eu nunca tive. Meu delírio líquido em tua terra fértil, nossa colheita chegando ao fim no teu corpo arado pelo peso do meu, na força da minha urgência em tuas costas. Minha cabeça úmida em teu ombro dorme, nosso cansaço bento pelo sol que entra através das frestas da porta e da janela no eros batizado em nome do pai, do filho e do espírito santo, nos egos perdoados de qualquer pecado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário